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montesclaros.com - Ano 25 - domingo, 28 de abril de 2024
 

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Mensagem: AS LEMBRANÇAS QUE THIAGO ME TROUXE JOSÉ PRATES Faz pouco tempo, cerca de um mês, lendo o Montesclarosnotícias, vi uma mensagem que me chamou atenção pelo sobrenome e a cidade de quem a enviou: Thiago Braga da cidade de Jacarací, no Estado da Bahia. Braga existem muitos por esse Brasil a fora, mas, de Jacaraci, que eu saiba, existe apenas uma família e dessa família eu faço parte, embora não a tenha usado na composição do meu nome, preferindo o Prates que saiu da Dinamarca como Pratz, veio para Espanha onde se tornou Prates e de lá para o Brasil trazido pelos ancestrais de meu avô, em 1612. . Esse Thiago estava na internet, diante de mim, mostrando-me seu nome de família como a dizer-me que eles ainda existem. Naquele momento, a pequena Jacaraci de minha infância emergiu do recôntido da memória mostrando suas ruas quietas, iluminadas por um sol em marcha num céu sem nuvens. Eu me vi descalço e de peito nu, correndo na “rua de baixo” passando pelo “beco de Ti Tone” indo ao encontro dos primos Yozinho, Tone, Gutembergue para brincadeiras no rio de águas limpas. Quem será Thiago Braga? A pergunta inquietava-me. Mandei um e-mail e veio a resposta: neto de Eloy filho de Josa; sobrinho do meu pai. Meu primo, então. O que a noticia me trouxe não foi apenas a lembrança da cidade ou de minha infância, mas, reviver todo um passado de beleza e inocência, a começar pela fazenda Malhada e o sitio Redoqué onde nas férias eu ia passear. Gostava do caldo de cana que chamávamos de “garapa” e dos bejus que madrinha Leonarda assava no fogão a lenha. Gostava de ver os bois atrelados, andando em volta do engenho, enquanto Tio Eloy colocava a cana para moer. Thiago Braga veio me trazer à lembrança o gostoso primeiro pedaço de minha vida que são os primeiros sete ou oito anos quando a inocência impede a visão do mal e a ausência de responsabilidade elimina a culpa, nos colocando no Paraíso, sob os cuidados dos anjos. Esse período eu o vivi na pequena e tranqüila Jacaraci sertaneja, correndo descalço e sem camisa nas ruas vazias de gente, descendo o “beco” de Tio Tone para chegar ao rio e jogar-me sem roupa na água rasa, sem me importar com o xingamento das mulheres que “batiam” roupa nas pedras lisas da margem. É um período que não nos sai da lembrança porque é o período da inconseqüência, o mundo da inocência, repleto de alegrias, quando a vida está, apenas, no hoje. O ontem é somente a lembrança da ultima brincadeira; o amanhã não é lembrado porque o hoje precisa ser vivido intensamente até que a noite chegue e o sono anuncie o fim do dia. Ao final desse pedaço, vem a escola, alicerce para edificação do futuro, trazendo com ela os primeiros elementos para construção da vida adulta, iniciando pela disciplina e o conhecimento do dever. Nunca posso esquecer a minha mestra Dona Julieta Paranhos Cardoso David que me deu a alegria da primeira palavra escrita, da primeira frase construída; do primeiro texto lido e compreendido, que foram as primeiras pedras no alicerce da vida que deve ser capaz de sustentar os andares que virão depois. Nesse pedaço de vida ainda existem influencias da inocência que vão, aos poucos, desaparecendo até chegar à adolescência, período de sonhos e devaneios quando afloram os desejos e o amor invade a alma fazendo-a viver em romance que embala os sonhos, num mundo pleno de ilusões. É o período poético, a primavera da vida quando todas as flores desabrocham no canteiro dos sonhos até que puberdade faz a menina começar a sentir-se mulher, o menino muda de voz e sente-se com vontade de voar. É a transição para a idade adulta. Bela, poetica, florida e alegre. Adulto, senhor dos seus atos, para trás ficaram a infância a juventude e a adolescência, cheias de sonhos. A responsabilidade aflora e começa a reclamar e criticar; a manutenção própria exige recursos que hão de vir do trabalho produtivo. Em seguida vem a determinação divina de crescer e multiplicar-se: o homem toma a mulher por esposa, constitui a família, constrói o lar onde amadurecerão os frutos do amor. Caro primo Thiago. Obrigado por trazer-me essas recordações que me levaram às divagações. Vá à Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem e ore por nós. (José Prates, 81 anos, é jornalista e Oficial da Marinha Mercante. Como tal percorreu os cinco continentes em 20 anos embarcado. Residiu em Montes Claros, de 1945 a 1958, quando foi removido para o Rio de Janeiro, onde reside com a familia. É funcionário ativo da Vale do Rio Doce, estando atualmente cedido ao Sindicato dos Oficiais da Marinha Mercante, onde é um dos diretores).

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